O maior nome do remo da atualidade
Mãe, atleta, esposa e uma das esperanças de medalha nas Olimpíadas de 2016. Essa é Fabiana Beltrame, Essa supermulher, que desde os 15 anos se encantou com o remo, passa por um momento crucial na carreira: a escolha de sua dupla para 2016 para não deixar escapar o pódio que não veio em 2012.
Entre um treino, uma ida à escola da filha e um momento de descanso, a atleta conversou com a Perfil Náutico e contou um pouco de sua preparação, seus anseios e ainda dos momentos marcantes dessa história vitoriosa. Confira!

Perfil Náutico – Como se interessou pelo esporte?
Fabiana Beltrame – Comecei a remar aos 15 anos no Clube Náutico Francisco Martinelli, em Florianópolis, minha cidade natal. Em 1997, eu e uma amiga costumávamos passear pela beira-mar norte, onde o pessoal rema, e ficamos curiosas pra conhecer aquele esporte tão diferente. E, desde a primeira remada, me apaixonei. Comecei só por diversão, mas logo já estava competindo e nunca mais parei.
PN – Quando o remo virou profissão?
FB – O remo virou minha profissão quando me mudei para o Rio de Janeiro, em 2005. Depois que terminei minha faculdade, tinha que decidir que rumo tomar, ficar em Floripa e dividir os treinos com o trabalho, ou me mudar para um clube maior e tentar viver do esporte, porque na minha cidade ia ser impossível. Decidi me mudar e fui remar pelo Vasco, onde fiquei até 2009 e depois fui para o Flamengo, onde estou até hoje.

PN – Hoje você é considerada a maior atleta de remo do país. Alguma vez pensou em desistir?
FB – Isso já passou pela minha cabeça algumas vezes, especialmente quando remava em Florianópolis e não sabia se iria conseguir me manter treinando, com a falta de apoio. Depois que me mudei para o Rio, já não pensava mais nisso, apesar da falta de apoio e organização ainda serem constantes na minha carreira.
PN – O esporte ainda é pouco valorizado no Brasil?
FB – Já melhorou bastante, mas ainda está longe do ideal. Acredito que o país tem muito potencial para ser uma potência esportiva, mas muitas vezes o dinheiro é investido de maneira errada. Nós precisamos de organização e planejamento para ter um crescimento a longo prazo. Com a realização dos Jogos aqui no Brasil, isso deveria melhorar, mas como os olhos estavam todos voltados pra Copa, acabamos perdendo bastante visibilidade.
PN – Qual foi a medalha que mais te marcou?
FB – Sem dúvida foi a medalha de ouro no Campeonato Mundial de Bled, em 2011. Primeiro porque eu não esperava, sabia que teria um bom resultado, mas não que seria a melhor. Também porque foi a primeira medalha do país num campeonato mundial. E por último, porque minha família estava comigo, cantei o hino nacional com a minha filha no colo, foi emocionante demais.

PN – E a medalha mais desejada?
FB – A medalha olímpica, o maior sonho de todo atleta de modalidade olímpica. Vou ter a chance de realizar esse sonho em casa e estou treinando muito pra isso.
PN – As Olimpíadas de 2012 não trouxeram bons resultados. Como está se preparando para 2016?
FB – Como a categoria que fui campeã mundial não é olímpica, tenho que achar uma parceira para 2016. Em 2012, o barco foi formado às vésperas dos jogos e não tivemos tempo de treinar muito juntas, mas para os próximos jogos, já tenho praticamente a parceira definida e estamos treinando bem. Ela é Beatriz Tavares, ainda é nova, mas tem um grande potencial e está melhorando a cada dia. Tenho muita esperança de que vamos conseguir um ótimo resultado.
PN – Quando a sua parceria com Beatriz deve ser oficial?
FB – Na verdade, essa definição só acontecerá no ano olímpico, mas tudo indica que será ela. Ainda este ano vamos começar a competir juntas e já teremos uma ideia de como vai ser esse barco, mas tenho certeza que vai funcionar bem.
PN – Como é a preparação para competir em uma categoria na qual não está totalmente acostumada?
FB – É um grande desafio. Tenho que aprender a trabalhar em conjunto, expor minhas opiniões, ajudá-la a melhorar, assim como ela também terá que enfrentar essas dificuldades, porque remamos em barcos individuais durante muito tempo. Mas a Beatriz é uma menina muito madura e vai me ajudar nesse aspecto.

PN – Como faz para conciliar a vida de atleta com a de mãe e esposa?
FB – Às vezes fico maluca (risos). Tem semanas que fico muito cansada, mas faz parte. Já aprendi a lidar com isso e em casa nós temos uma logística toda organizada. Meu marido me ajuda muito e como já foi atleta, entende que preciso descansar. A maioria dos atletas treina forte e vai pra casa descansar, no meu caso, eu só descanso depois que levo minha filha na escola, pra depois treinar de novo.

PN – Como é a sua rotina de treinos?
FB – Treino de 2 a 3 vezes por dia. Normalmente faço um treino na água de manhã, de umas 2 horas, faço um intervalo de 45 minutos e faço outro treino no ergômetro (máquina que simula o movimento do remo). À tarde, volto para fazer mais um treino de musculação de força ou de resistência. No sábado e domingo treino só uma vez.
PN – O que faz nas horas de lazer?
FB – Nas horas de lazer saio com a família, vamos ao cinema, ao parquinho pra minha filha brincar, praia, etc. Mas algumas vezes, simplesmente fico em casa descansando, porque a rotina é bem pesada.

por Amanda Kasecker
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