Grande parte do trabalho de laminar é tão simples que muitos laminadores comentam que muitas coisas que eu digo parecem grego. Alguns têm razão. Talvez tenha sido Shakespeare, quem primeiro usou a expressão, na peça Julio César. De um lado, Cassius e Brutos conspiram contra César e Marco Antônio. E como não entendem o comentário de Cícero, dizem “isto é grego para mim”.

O problema do alinhamento dos filamentos das fibras dentro de um laminado não passa pela cabeça de muitos laminadores, pois não há importância prática nisto. Porém, a partir de certo ponto, tudo influencia.

O laminado suficiente

A resistência e a rigidez de um barco estão associadas à quantidade de fibra e resina dentro do laminado. Uma grande redução de resina pode gerar um laminado seco e flexível. E, em grande quantidade, produzirá um laminado pesado, frágil e caro. O ideal é uma quantidade equilibrada.

Para entender a composição de resistência de um laminado é preciso saber a resistência de cada parte. Se o composto estiver sujeito a uma solicitação externa, a força total agindo sobre o laminado será o somatório da força sobre a resina somada à força sobre as fibras.  A força total é igual à tensão sobre o material, multiplicada pela área da seção de cada material. Então, aplicando a Lei de Hooke em que as tensões são proporcionais às deformações, conclui-se que a resistência e a rigidez do laminado são proporcionais ao percentual em volume dos componentes individuais.

O cálculo

Vale ressaltar que o teor de fibra e da resina é calculado pela divisão do peso. E pelo percentual do volume ocupado por cada componente. A correlação entre o teor de fibra (peso) e a fração (volume) é calculada através do valor individual da densidade dos materiais.

Por melhor que seja o método ou o laminador, um laminado não pode conter 100% de fibra e 0% de resina. Mesmo que as fibras fossem empilhadas, ainda haveria espaços a serem preenchidos com resina. O extremo alinhamento só ocorreria se o laminado fosse unidirecional com os filamentos hexagonais e todos se tocassem por meio das arestas. Como as fibras têm uma forma quase circular, cria-se um espaço entre eles proporcional ao diâmetro do filamento. Assim, fibras com menor diâmetro de filamento tendem a uma fração em volume e uma resistência maiores.

A porcentagem de fibras

Quando se utiliza um laminando unidirecional com filamentos circulares, o volume máximo de fibras é de 90%. Na prática o alinhamento perfeito das fibras é impossível. E assim a fração máxima em volume para um laminado unidirecional é 60%. O que representa um teor de fibras de 80%. É possível estimar o máximo empacotamento das fibras em outras tramas. Ainda assim, depende do alinhamento do construtor. Tecidos biaxiais podem ter uma fração máxima em volume de 60%. E os tecidos tramados variam entre 40% e 50%. Já as mantas de fibra de vidro, usadas durante muitos anos como reforço em laminados manuais, possuem um valor de fração (volume) de 15%. O que corresponde a um teor máximo de fibras de 25% (peso).

Confira também “Canal do construtor: Qual a sua velocidade? – Por Jorge Nasseh”, AQUI!!


 

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