Modalidade ganhou destaque no cenário paradesportivo, fruto de esforço contínuo de desenvolvimento
O ano de 2016 movimentou o cenário da Paracanoagem Brasileira. Se o grande objetivo era entrar com o pé direito nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, o desempenho dos atletas da modalidade nas demais competições do calendário mostrou o potencial de desenvolvimento do esporte no país.
Conforme avalia Leonardo Maiola, supervisor do Comitê de Paracanoagem na Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa), a visibilidade e o crescimento da modalidade foram grandes ganhos em 2016.
“Nós tivemos muitas conquistas. A primeira medalha paralímpica, com certeza, elevou a modalidade a outro patamar. E isso é resultado de investimento em infraestrutura, desenvolvimento dos atletas nacionais e aperfeiçoamento e profissionalização dos campeonatos Brasil afora. A Paracanoagem é um esporte relativamente novo e 2016 foi mais um degrau rumo a um grande futuro”, explicou.
O bronze de Caio Ribeiro no Rio 2016 traz consigo um legado que foi construído ao lado de esportistas de todo o país, assim como dos atletas que representam a Equipe Permanente de Paracanoagem. Luis Carlos Cardoso, um dos grandes nomes da modalidade, garantiu uma final na competição, conquista de peso já na estreia do esporte nos Jogos Paralímpicos.
No cenário nacional, novos nomes começaram a se destacar e, por isso, a 1ª Clínica de Treinamento em Paracanoagem foi uma das novidades do ano, que buscou identificar novos talentos e aperfeiçoar as técnicas de alguns atletas. No exterior, a modalidade também fez a lição de casa. O Campeonato Mundial, realizado na Alemanha, rendeu quatro medalhas, entre ouro, prata e bronze e, recentemente, no Sul-americano, mais dois ouros de Patrick Pisoni e Alex Pessoa.
Em um ano movimentado, a atenção às bases da Paracanoagem e o trabalho focado no aprimoramento dos profissionais que tornam o sucesso da modalidade uma realidade foram primordiais. Um dos destaques é o desenvolvimento de novos técnicos brasileiros, como comenta Thiago Pupo, treinador da Seleção Brasileira de Paracanoagem.
“Eu sou parte de um projeto que foi orientado a gerar treinadores brasileiros e acredito que deu certo. Me formaram e repassei meu conhecimento para a equipe, que colheu os frutos disso, além de compartilhar esse conhecimento em cursos para outros profissionais”. A capacitação de novos avaliadores funcionais também foi ponto alto de 2016.
Na avaliação de Carlos Bezerra, supervisor do Centro de Treinamento de Paracanoagem, localizado em São Paulo (SP), esse trabalho rendeu bons resultados em quatro pontos: “foi um ano simbólico que elevou alguns itens desse cenário, como a estreia da modalidade na principal competição paralímpica do mundo, a conquista da medalha de bronze, a evolução do esporte em número de praticantes e a adoção da modalidade como uma das principais alternativas no esporte para pessoas com deficiência, principalmente aquelas com lesão medular e amputadas”, explicou.
Um ano de surpresas e superação
No auge de sua carreira, Fernando Rufino, o Cowboy da Paracanoagem, era uma das promessas para os Jogos Paralímpicos Rio 2016. No entanto, no início do ano, a equipe médica da CBCa constatou um problema cardíaco no atleta, que o deixou fora da competição após ter conquistado a vaga para o Brasil ainda no Mundial de Milão, na Itália. Apesar do contratempo, Cowboy assumiu o papel de ajudar a orientar os colegas de equipe para a competição e acompanhou todos os passos dos colegas, desde os treinamentos no CT até os últimos segundos de competição na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro.
“Esse ano eu bati todas as minhas metas estando na Paracanoagem. Fiquei triste de não poder representar o meu país e a torcida Brasileira, mas o meu período de reavaliação serviu para que eu evoluísse muito. Nós temos uma estrutura que muitos países não têm e eu sou grato por isso, principalmente ao BNDES, à GE e à CBCa, assim como aos meus treinadores. O ano de 2016 me mostrou que eu e os demais atletas brasileiros temos potencial para irmos cada vez mais longe”, comentou.