IPS híbrido é novidade que poderá gerar economia e zero emissão de poluentes.
A grande batalha da sustentabilidade das montadoras de automóveis, em conseguirem viabilizar motores elétricos, chega ao mar. O futuro está, sem dúvida, nos motores elétricos. Porém muitos desafios ainda permeiam a viabilidade 100% desse projeto, e para embarcações ainda são maiores. No entanto um grande passo foi dado pela Volvo Penta, que anunciou nessa manhã, durante o São Paulo Boat Show, seu IPS híbrido. A ideia é em 2021 o motor estar disponível para embarcações comerciais para então chegar às de lazer.
Conversamos com Emerson Baptista, diretor de motores marítimos da Volvo Penta South America sobre a novidade, veja como foi.
PN – Conseguem estimar em qual ano o IPS híbrido chegará para embarcações de lazer?
Estamos trabalhando para uma introdução gradual, envolvendo clientes selecionados.
Temos como meta começar com embarcações comerciais, de 2021 em diante. Em seguida passaremos para o segmento de embarcações de lazer. Mas tudo vai depender do mercado e da colaboração com nossos clientes.
PN – Qual será a economia em combustíveis e na manutenção?
Ainda não temos esta avaliação, já que o conjunto motor diesel / elétrico ainda está sendo projetado em seus detalhes. A princípio podemos indicar que modelos híbridos usualmente apresentam uma economia de até 40% no consumo de combustível. Outro grande ganho a ser considerado é a redução dos GEE, que podem chegar a emissões zero. Seguem os parâmetros comprometidos entre 195 nações, incluindo o Brasil, durante o Acordo de Paris 2015.
PN – Como será o uso paralelo do elétrico e do diesel?
Uma embreagem e um motor elétrico são adicionados entre o motor e o pod IPS. O motor elétrico é alimentado por conjuntos de baterias de íons de lítio escaláveis (dependendo das necessidades da aplicação), que podem ser carregadas externamente usando carregadores CA ou CC ou ainda pelo motor diesel primário. A abertura da embreagem permite que o barco opere no modo somente elétrico. Com a embreagem fechada, tanto o diesel quanto a energia elétrica podem ser usados em paralelo. Em termos de operação, o capitão usará as interfaces de controle familiares do sistema IPS, com a adição de novos modos de unidade para escolher.
PN – Qual a duração das baterias?
O tempo de operação no modo 100% elétrico depende do tamanho e deslocamento da embarcação, do tamanho de seus módulos de baterias e de sua velocidade de operação. Um exemplo de estimativa realista: uma embarcação de 60 pés devidamente dimensionada poderia operar em modo 100% elétrico navegando pelo menos uma hora a 10 nós. Se reduzir para 7 nós, provavelmente dobraria esse tempo.
PN – O equipamento para recarga será fornecido ou será feita em postos?
Como o trem de força é baseado nos produtos de caminhões e ônibus, ele já está preparado para recarga CA, CC (CCS Combo 2) e CC de alta potência. Temos planos de oferecer a recarga usando uma conexão com terra.
7. Chegaremos a motores totalmente elétricos?
Ainda estamos iniciando com a opção hibrida, sem uma previsão concreta para sistemas totalmente elétricos. Sabemos que a infraestrutura e a capacidade de armazenamento das baterias ainda apresentam certa barreira para avanço de soluções totalmente elétricas. A solução totalmente elétrica funciona muito bem para embarcações que possuem pontos de recarga conhecidos e relativamente próximos, como ferry boats e taxis aquáticos, por exemplo. Imaginar uma embarcação que percorre grandes distâncias longe da costa com propulsão totalmente elétrica ainda é algo a ser estudado e desenvolvido de forma sustentável.
Participação dos clientes
Atualmente, o IPS híbrido paralelo está nos estágios iniciais de desenvolvimento, com o sistema sendo validado no centro de testes da empresa em Gotemburgo, com um barco de teste planejado para iniciar as atividades no mar no início de 2020. Durante este processo, as avaliações de clientes desempenharão um papel importante no desenvolvimento do sistema para o uso em uma gama de aplicações marinhas.