Regata marcada pela velocidade dos barcos tem recorde de percurso nas quatro classes inscritas. Salvador, na Bahia, recebe os veleiros vindos de Le Havre, na França.
A edição 2017 da Transat Jacques Vabre pode ser apontada como uma das mais rápidas da história. Todas as quatro classes inscritas na principal travessia transatlântica do mundo bateram recorde de percurso para o trajeto entre Le Havre, na França, e Salvador, na Bahia.
Todos os pódios foram definidos, mas a regata continua com sete barcos ainda para chegar. Inclusive o brasileiro Mussulo 40 Team Angola Cables.
Class 40
1º – V and B – 2º – Aina Enfance & Avenir – 3º – Imerys Clean Energy
IMOCA
1º – St Michel – Virbac – 2º – SMA – 3º – Des Voiles et Vous!
Multi50
1º – Arkema – 2º – FenêtréA – Mix Buffet – 3º – Réauté Chocolat
Ultime
1º – Sodebo Ultim’ – 2º – Edmond de Rothschild – 3º – Prince de Bretagne
Números
Os números da regata de 8 mil quilômetros, que largou em 5 de novembro, comprovam a evolução técnica das duplas e principalmente o desenvolvimento dos projetos das categorias, divididas entre Ultime, Multi50, IMOCA e Class40.
A competição foi definida na noite desta quarta-feira (22) com a vitória do V and B na Class40. O barco venceu a competição com diferença quase mínima para o segundo colocado, o Aina Enfance & Avenir. Apenas 17 minutos separaram campeão e vice.
”Só tivemos certeza da vitória na chegada à Baía de Todos-os-Santos, na hora da nossa chegada. Foi um tempo muito curto se comparado às outras edições”, comemorou o co-skipper Antoine Carpentier, que fez dupla com Maxime Sorel.
Eles quebraram o recorde de velejada em 24 horas para um barco da categoria com 377,7 milhas náuticas com média de 15,7 nós. A marca foi obtida em 9 de novembro.
”Poderia até ser mais rápido esse ano. Perdemos talvez um dia nas calmarias dos Doldrums. No entanto, as condições na saída do Canal da Mancha foram favoráveis até o Atlântico. Isso tudo faz parte da regata”, reforçou Pablo Saturde, terceiro colocado da Class40 com o Imerys Clean Energy.
Outras marcas
O chamado Fita-Azul da regata – aquele que chega em primeiro independentemente da classe – foi o Sodebo Ultim’, que concluiu a regata em 7 dias e 22 horas, ou seja, mais de 1 mil quilômetros navegados por dia. Apontado com um dos barcos de regata mais rápidos do mundo, o multicasco da dupla Thomas Coville e Jean-Luc Nélias travou um match race com os também franceses do Edmond de Rothschild pela vitória.
”Foi uma grande vitória! Uma regata disputada desde a primeira noite. O Sodebo pode quebrar mais recordes e ganhar outras provas”, disse Thomas Coville, que se prepara para tentar quebrar novamente seu recorde de volta ao mundo em solitário a bordo do ‘multicasco voador’.
Na classe Multi50, o Arkema foi o mais rápido entre os seis que largaram de Le Havre. O francês Lalou Roucaryol e o espanhol Alex Pella fizeram a prova em 10 dias, 19 horas e 14 minutos.
”Acredito que os multicascos da Multi50 estão mais rápidos do que nas edições passadas por dois motivos. O primeiro foi a instalação dos fólios, que deixam o barco mais rápido e seguro. Outro ponto é o nível das tripulações, que está cada vez mais forte e a concorrência aumenta”, explicou o espanhol Alex Pella, do Arkema.
Melhor tempo da Regata até a Bahia
Na IMOCA, uma das mais badalas do circuito mundial de oceano, mais recorde. Os 13 barcos que largaram de Le Havre, na França, concluíram o percurso. Nas outras edições, pelo menos um 60 pés ficou pelo caminho. Outra marca batida foi a de melhor tempo da regata até Salvador, na Bahia. O St Michel – Virbac foi o campeão com 13 dias, 7 horas e 36 minutos para 8 mil quilômetros de travessia.
”Acho que os tempos podem cair ainda mais. Os barcos estão cada vez mais com tecnologia a bordo. Mas também podemos ter a sorte de pegar condições favoráveis de Le Havre ao destino final, sem ter de fazer muitas manobras. Se os barcos pegarem vento de norte na saída até o Atlântico e nos Doldrums não ficarem parados, os recordes podem cair ainda mais”, contou o italiano Giancarlo Pedote, do Newrest-Brioche Pasquier (IMOCA).
Durante os 8 mil quilômetros, os velejadores pegaram ventos fortes, mas as rajadas mais significativas não passaram de 80 km/h.
Atualmente, a classe IMOCA é uma das mais representativas no cenário da vela internacional e mantém uma das comunidades de praticantes mais ativas no mundo. Em 2019, a Transat Jacques Vabre deve ter mais de 20 IMOCA por ser um teste para a Vandée Globe 2020.
A Transat Jacques Vabre
A prova contou com a participação de 37 duplas. Apenas seis barcos desistiram da regata por algum motivo. Na edição de 2015, por exemplo, 17 dos 42 barcos que largaram da França abandonaram antes do destino final, que foi Itajaí (SC).
A Transat Jacques Vabre 2017 teve velejadores de oito países: França, Espanha, Alemanha, Suíça, Itália, Grã-Bretanha, Angola e Brasil.
O Mussulo 40 Team Angola Cables deve concluir o percurso até domingo (26). O barco de José Guilherme Caldas e Leonardo Chicourel corre na Class40. A dupla ocupa a 11ª colocação da categoria e já navega em ‘águas brasileiras’.
Confira mais uma matéria sobre o início da Transat Jacques Vabre 2017. AQUI !