Aprendendo com quem sabe

Carlos Brancante Cozinhando a Bordo
Carlos Brancante Cozinhando a Bordo

           “Se cozinhar é uma arte, cozinhar a bordo é para artista de circo”. A frase do expert Carlos Brancante ilustra um pouco do que pode ser se aventurar na área gourmet do seu barco. Depois de acumular mais de 150 mil milhas navegadas, em quase 1.800 dias de mar, o mestre resolveu escrever um livro contando um pouco dessa arte, que pratica usualmente a bordo de seu Trawler Lord Gato. “Cozinhando a bordo” tem todas as dicas aos aventureiros, além de receitas para serem feitas em alto-mar. O mestre também conversou com a Perfil Náutico para dar algumas dicas. Confira!

Perfil Náutico – De onde surgiu a ideia do livro?

Carlos Brancante – Eu aprendi a cozinhar pela falta de cozinheiro nas minhas travessias, quando velejava e competia. Muito tempo depois, um amigo, Almirante Pierantoni, sugeriu que eu fizesse uma palestra sobre cozinha de bordo e a ideia do livro surgiu daí.

PN – É difícil cozinhar a bordo?

CB – Como menciono no livro, cozinhar é uma arte e cozinhar a bordo é para artista de circo: o balanço de uma pequena embarcação sob tempo duro, passa a exigir do “artista” atributos de trapezista, equilibrista e contorcionista.  É importante ter os utensílios sempre à mão, o que evitará afastar-se do apoio e desequilibrar-se. Com o barco em movimento, quanto menos nos locomovermos melhor e, nos veleiros, estar preso ao cinto de segurança é fundamental. Mas, o essencial é a organização e a escolha dos pratos.

PN – Quais utensílios não podem faltar?

CB – Panelas altas e presas ao fogão, facas de qualidade – as de cerâmica são muito úteis, pois não enferrujam –, um avental impermeável e térmico, nada que diferencie muito do que temos em casa, apenas com o critério da praticidade.

PN – Que alimentos devem ser priorizados em curtas e longas viagens?

CB – Hoje existem muitas opções de alimentos semiprontos que podem facilitar a tarefa quando em viagem. Biscoitos são ótimos para situações em que cozinhar se torna difícil, assim como sopas para os turnos da madrugada. Em viagens, optar por um prato único que dispense a utilização de faca. Risotos, picadinhos, peixe, camarão e strogonoff são ótimas opções. Quando atracados, aí podemos ousar: de feijoadas a paellas, os peixes recém-pescados, sempre com um sabor excepcional.

PN – Quais as principais dicas para os cozinheiros a bordo?

CB – Separar tudo o que irá utilizar e colocar o mais perto possível, até mesmo dentro da cuba da pia. Usar panelas altas e jamais cozinhar em mar aberto com panelas soltas, pois qualquer tranco, ou mesmo a marola de outra embarcação podem derrubá-las. Atentar sempre para a segurança, mantendo uma válvula solenoide que interrompa o gás quando usamos GLP e um extintor de incêndio que deve estar sempre à mão. Na hora da compra é importante ter uma lista dos alimentos e as quantidades. Isso, além de ajudar a não esquecermos de nada ao zarparmos para uma viagem, evitará a compra de coisas desnecessárias.

 

Carlos Brancante Cozinhando a Bordo
Carlos Brancante Cozinhando a Bordo

Por Amanda Kasecker

Fotos divulgação

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