Os espanhóis colocaram o primeiro e único barco brasileiro na Volvo Ocean Race num pedestal
O histórico Brasil 1 de Torben Grael, terceiro colocado na regata de 2008-09, virou peça de museu e pode ser visitado na Vila da Regata de Alicante, cidade da largada da Volta ao Mundo. Depois de sofrer avarias e quase ter perda total, a organização do evento resolveu remodelar a embarcação. A saudade do Brasil 1 e o desejo de repetir uma campanha verde e amarela um dia são compartilhadas pelos velejadores. “Eu passei e ele abanou o rabo pra mim”, brincou Torben Grael.
“O barco ficou conhecido na época por ter uma tripulação quase toda nacional e ter sido construído no País. Muita gente torceu pelo nosso time. Agora é bom ver que o Brasil 1 está disponível para o público”.
Torben Grael acredita que os brasileiros envolvidos com o barco nacional tiveram as portas abertas na vela oceânica e principalmente na Volvo Ocean Race. “Espaço tem. O mais complicado é obter a primeira experiência nesse tipo e regata e os brasileiros tiveram. As equipes internacionais são formadas geralmente por indicação ou levando em conta a experiência do velejador”.
Além de Torben Grael, que na edição de 2008-09 foi campeão da Volvo Ocean Race, outros velejadores se destacaram. André ‘Bochecha’ Fonseca, por exemplo, está na disputa atual a bordo do MAPFRE. Joca Signorini correu as últimas três edições e hoje é treinador do Team SCA, equipe 100% feminina.
“Sem o Brasil 1 não estaria aqui. Pude correr a Volta ao Mundo e outros eventos de alto nível por causa dele”, disse Joca Signorini. “O barco me traz só boas lembranças e memórias especiais. Na parada de Itajaí, em abril, vamos nos reencontrar e comemorar os 10 anos dessa campanha”.
Para André ‘Bochecha’ Fonseca, está na hora de ter mais um barco brasileiro. “Fico feliz por representar o Brasil mais uma vez, mas sei que para disputar uma Volvo Ocean Race é preciso ter uma experiência passada. Por isso, temos tudo para ter um barco na regata e voltar com força”.
O espanhol Roberto ‘Chuny’ Bermúdez integra atualmente o Abu Dhabi. Entre os estrangeiros, o maior salto foi do norueguês Knut Frostad, que hoje é CEO da Volvo Ocean Race.
O Brasil 1 foi vendido à Telefónica em 2006 após a 9ª edição. Segundo o próprio Torben Grael, os espanhóis deram ‘um mole’ após um vendaval e o barco sofreu avarias. A embarcação ficou no porto espanhol até a revitalização da Volvo Ocean Race.
Sobre o Brasil 1
Edição: 2005-06
Comandante: Torben Grael (BRA)
Classificação final: 3º lugar
Modelo: Volvo Open 70
Projeto naval: Farr Yacht Design
Tamanho: 21,5 m
Peso total: 14 toneladas
Local de construção: Indaiatuba (SP)
Ano: 2005
Fotos: Laura Urrutia e Oskar Kihlborg