Especial HPE25: O início de tudo – Primeira parte
O primeiro campeonato brasileiro da classe completou 15 anos em novembro, justamente em um momento de pandemia do Covid-19 que, infelizmente, não nos permite comemorar como merecido.
Já que não podemos reunir todas as flotilhas na água em regatas disputadas para depois brindar, vamos marcar essa data relembrando fatos marcantes que fizeram a história da maior classe de quilha do Brasil.
Atualmente com mais de 60 barcos construídos e flotilhas em Ilhabela, Guarapiranga, Rio de Janeiro, Salvador e, mais recentemente em Porto Alegre, a classe HPE25 mantém a sua essência: diversão e competição, com alegria, em barcos que trazem o que há de melhor em simplicidade e competitividade.
A verdade é que o barco é fruto da união de esforços de velejadores apaixonados e de outros pioneiros que foram contagiados pelo desafio de fazer um barco genuinamente brasileiro.
A união faz a força
Sem a parceria e a colaboração de outros talentos, a ideia do velejador e empresário Eduardo de Souza Ramos não teria saído do papel.
O velejador e empreendedor Felipe Furquim, sócio da Regatta, maior loja de produtos náuticos do país, foi fundamental na idealização e construção do barco; Javier Soto Acebal no design; Luiz Rosenfeld na sua produção; Cacau Peters na criativa divulgação; Paulo Veloso e Marcelo Galvão Bueno, sócios da Regatta, ajudaram na expansão da HPE; Felipe Whitaker, coordenador da classe, atraiu patrocinadores e grandes velejadores.
Um grupo de amigos que atraiu mais e mais amigos para formar uma grande família de três letras: HPE – High Performance Equipment.
Ideia surgiu de uma necessidade pontual
A ideia de uma nova classe de vela surgiu de uma necessidade pontual de Eduardo de Souza Ramos. Ao velejar de Laser em sua casa na praia do Espelho, na Bahia, passava algumas horas no mar, deixando sua mulher preocupada quando sumia no horizonte.
Como velejava de Melges 24 – barco com design de quilha retrátil nos Estados Unidos, Eduardo pesquisou vários barcos semelhantes. Empreendedor, logo imaginou fazer um barco desse tipo que, ao subir a quilha, permite ser lançado na praia. Seria ideal: mais seguro, poderia levar a mulher para velejar junto!
Não se sabe se por acaso ou se pelos mistérios da vida, em um dia qualquer de 2000, Eduardo encontrou o amigo, e também velejador, Felipe Furquim, no aeroporto, e expôs sua ideia.
“Na verdade, o Eduardo me falou que seu sonho era montar uma classe brasileira, que atingisse nível nacional”, contou Felipe que, de cara, pensou no arquiteto naval argentino Javier Soto Acebal, com quem já havia realizado alguns projetos e mantinha bom relacionamento. “Naquela época, o Javier não era a estrela que é hoje. Trabalhava no Studio Frers, quando o conheci, em Buenos Aires, ao construir um barco para um cliente, mas desde 1998 tinha seu próprio escritório”.
Estava plantada a semente!
A semente viria a germinar três anos depois. Com a ideia mais amadurecida, Felipe solicitou a Javier o estudo de um barco com características muito específicas: um veleiro de 25 pés ágil, veloz, fácil de velejar, de modo que não precisasse ser tripulado por atletas; pudesse ser rebocado por carro, em carreta rodoviária; pudesse ser removido da água facilmente e tivesse excelente custo/benefício. “Quando expus os quesitos do projeto para o Javier, ele adorou, pois era um grande desafio”.
Classe genuinamente brasileira
Entusiasmados com o modelo apresentado por Javier – um veleiro com design arrojado, casco planador, quilha retrátil, espaço para até cinco tripulantes, fácil de velejar e prático para transportar –, Eduardo e Felipe decidiram fazer o barco. Compraram o projeto e foram fazendo acertos e desenvolvendo no papel.
O barco era mais elaborado, mais complexo do que é hoje, mas como uma das características exigidas era baixo custo, foi preciso partir para um conceito mais simples, até no uso de materiais.
Furquim propôs construir o protótipo no estaleiro do Marco Landi, que já era especializado na construção de barcos de competição robustos e com baixo peso. “Era um descrédito total. Todo mundo achava que a gente era maluco”, conta Felipe.
Movidos pela paixão
Foi tudo muito rápido, uma vez que Felipe estava bastante envolvido em diversos projetos e construções de barcos para clientes. Além disso, como Eduardo, ele também sentia a vontade e a responsabilidade de deixar um legado que não existia no Brasil: uma classe brasileira. “Foi divertido. A intenção nunca foi ganhar dinheiro. Fomos movidos pela paixão, e nos dedicamos intensamente”, avalia Felipe.
Assim nasceu o Amarelinho, em 2003, o protótipo do HPE25 feito no Marco Landi. Agora, o desafio era que ele despertasse o interesse de velejadores e amigos.
Veloz, leve e extremamente resistente
Produzido em série, este rápido e divertido monotipo tem layout de deck simples e eficiente, aliado à praticidade do enrolador de buja. A quilha retrátil facilita muito a operação de colocar e tirar o barco da água, e permite que seja rebocado sem grandes transtornos. O projeto e construção do veleiro garantem um casco leve e extremamente resistente a torções e deformações.
Todos os materiais necessários para a construção do HPE são colocados no molde a seco e, em seguida, pressionados para que a resina seja transferida para a cavidade da fôrma. O resultado é um laminado com baixa quantidade de resina e, conseqüentemente, um barco mais homogêneo e veloz.
Ficha Técnica:
Comprimento: L.O.A: 7,67m / Comprimento: L.W.L: 7,10m / Boca: 2,60m Bmax / Calado: 1,70m / Peso total: 1,25ton / Áreavélica: 32,53m2 / Spiassimétrico: 68,28m / Mastro: Alumínio / Casco: Kevlar®. E-Glass®/EspumadePVC / Tripulação: 2 a 5 / 4 em regata
Acompanhe no site e confira a segunda parte na próxima edição…