Primeiro campeonato é lembrado até hoje, como um dia especial na vida dos participantes
Segunda parte da logística
No entanto, ainda era preciso enfrentar a segunda parte da logística. É que, atrás de vento, Roberto Martins e Cacau Peters escolheram o Abrahão para sediar as regatas.
“Existia a preocupação técnica: como Angra é uma área de muito cruzeiro, tem-se a imagem de ser abrigada, sem vento. Roberto, com seu conhecimento, alegou que o Abrahão é mais avançado para o leste, e saindo do Abrahão, há o mesmo vento que tem no Rio de Janeiro, ou seja, quando dá a térmica, tem vento. E, de fato, foi isso mesmo que aconteceu”, conta Eduardo.
Um dia para não ser esquecido
O desafio de levar os barcos da Verolme para o Abrahão – um percurso que dura em média uma hora – foi tenso e quase desandou. “Como havia as lanchas dos participantes – eu tinha duas, e o Eduardo tinha uma –, escalonamos o reboque. Eduardo rebocou cinco, eu com o trawler reboquei outros seis, ou seja, levamos todos os barcos na quarta-feira à noite. O início foi um estresse”, desabafa Roberto.
Mas o estresse foi dissipado ao amanhecer de um dia lindo, com vento leste de 19 nós, que se manteve ao longo da competição, uma atmosfera lúdica e deliciosamente gentil.
Para ancorar os barcos no Abrahão, foi feita uma estrutura junto ao píer com boias e poitas – tudo com o apoio da Marina Verolme e da Prefeitura, uma vez que barcos de aluguel aportam ali, com turistas. “No fim, ficou uma beleza: todos os barcos lado a lado, tendo vista para o charme da vila do Abrahão, com os barzinhos, a rua com os restaurantes”, lembra Eduardo.
Way of life HPE
Com infraestrutura perfeita, todos bem acomodados, cenário lindo, bons ventos todos os dias, que entrava perto do horário previsto para as regatas, em torno da hora do almoço, e uma programação que incluía familiares e amigos – até um barco grande e confortável estava disponível para que acompanhassem as regatas – tudo isso traduzia o way of life HPE.
“Foi bacana para criar o espírito de comunidade. Foi o único campeonato em que se encontrava todo mundo no mesmo lugar. Era uma raia diferente, água superlimpa, ondas oceânicas, estrutura boa, todo mundo ilhado dava proximidade. Do ponto de vista técnico, foi ótimo, e a atmosfera foi deliciosa”, resume Cacau.
De cara, deu para conferir a competitividade da classe, com disputas acirradas que levaram três tripulações diferentes a vencer cada uma das três regatas no primeiro dia da competição. No belo cenário de Angra dos Reis, o HPE25 revelava as delícias de uma classe monotipo: divertida, emocionante e muito camarada.
União, amizade, intimidade e espirito de competição
“O Campeonato acabou sendo tecnicamente e socialmente muito bom, porque como todo mundo ficou num lugar pequeno, houve a união, criou-se intimidade. E foi extremamente importante, eu diria, para o nascimento do espírito da classe HPE, que é um espírito de competição, com certeza, mas também de formação de amizades – e este campeonato foi a pedra fundamental dessa base social. Lógico que mostrou também que a classe era de competição, mas isso era o óbvio – o social foi o brinde, o presente adicional que a gente ganhou com este evento”, acres- conta Eduardo.
Roberto Martins é taxativo: “Foi um campeonato superlegal. Teve zero reclamação de regata”.
Só elogios
Até hoje o Primeiro Campeonato Brasileiro da Classe HPE25 é lembrado como o mais especial da vida dos participantes. E foi encerrado com chave de ouro, embora no improviso. É que na manhã do último dia do campeonato, Roberto Martins e Cacau Peters decidiram fazer o jantar de encerramento e premiação para 100 pessoas no Almirantado, no Saco do Céu.
“Teve toda a logística de levar as pessoas para lá, mas valeu a pena. Parecia Hollywood: quando chegamos de lancha, o céu estava lindo, com raios do sol se pondo e uma lua cheia, o mar espelhado, espetacular!”, conta Roberto. E acrescenta: “O espírito desse campeonato em Angra era exatamente para a gente se divertir. E nos divertimos demais.”
Para Cacau, os ingredientes principais estavam lá: gente bacana, local bonito, dias lindos, logística impecável. “Na raia, tudo perfeito, a festa con- tinuava em terra. O campeonato reuniu uma classe recém-lançada com gente que voltava à vela, cheia de ânimo”.
Para a família se divertir
De acordo com Eduardo, o Campeonato ficou marcado porque foi a oportunidade de conhecer melhor o barco; e também porque foi em Angra, um dos lugares mais lindos do sudeste brasileiro:
“A enseada do Abrahão é muito charmosa, muito poética, e as condições de vento foram perfeitas; dias bonitos, ventos médios, água limpa e terminava a regata ainda havia o encontro, o papo, a socialização, a cerveja, o jantar. Perfeito”. Felipe Furquim completa: “Deu tudo muito certo, e o local é extremamente atraente, charmoso, com fama, com tudo”.
Para Roberto Martins, foi o melhor porque foi um campeonato feito para a família se divertir: “As regatas terminavam sempre no restaurante, onde todos se encontravam”.
E o que era apenas o campeonato de uma nova classe, disputado por onze barcos, e engrandecido por elos que se fortaleceram, ficou marcado como um grande acontecimento da Vela.