Empresa foca em novas estratégias de negócio para continuar com a meta de crescimento de dois dígitos da fábrica no Brasil.
País pode estar dando ares de que saiu da recessão, porém, o mercado náutico ainda sente a crise e apresenta mudanças profundas adquiridas nos últimos anos. Neste cenário, a Azimut Brasil embarcou nas oportunidades e tomou novos rumos do ano passado para cá, como a antecipação do lançamento de embarcações de grande porte para o mercado brasileiro e a definição de uma linha de exportação de barcos menores.
A equipe da Perfil Náutico se encontrou com o CEO Davide Breviglieri, para entender mais sobre essas decisões e descobrir o que esperar da Azimut Brasil para 2018.
PN – Analisando a economia brasileira e a crise que o país atravessou, como isso refletiu no mundo náutico nestes últimos anos e nas novas estratégias da Azimut Brasil?
DB – É interessante como o segmento náutico do Brasil vem cruzando os mares agitados que evidentemente estão ainda bem presentes no nosso dia a dia. Começando pela náutica geral, o que a gente percebe é que houve redução drástica da navegação em água doce. Isso por dois motivos: a crise e a situação de falta de água nas represas. Então esse foi o primeiro grande movimento de redução da temperatura náutica nos últimos dois, três anos. A náutica até 40 – 45 pés sentiu demais o momento do país, pois é um mercado mais sensível. É aquele empresário que está talvez na primeira ou segunda experiência de embarcação. Houve um “pé no freio”. Pessoas inclusive que saíram da náutica e tinha acabado de entrar. Essa sinalização para nós foi muito importante porque impôs uma reflexão e uma redefinição muito rápida da Azimut Brasil: barcos até 40 pés para nós hoje tem o foco principal no mercado export e barcos acima de 50 pés hoje são nosso verdadeiro foco no território nacional.
PN – E para quais territórios esses barcos são exportados?
DB – Principalmente Estados Unidos. Inclusive, o trabalho de consolidação do nosso modelo produtivo como a certificação do estaleiro. Nossos processos e produtos estão certificados com órgãos internacionais. O que nos garantiu a possibilidade de exportar barcos para a Europa e pros EUA. Isso definiu o Brasil como produtor de uma nova linha de embarcações dentro do Grupo Azimut. Um produto fabricado só no Brasil para o mundo inteiro, mas com foco no mercado da Flórida (EUA). Um mercado absolutamente maduro. E um dos mais seletivos e exigentes que existe no mundo náutico hoje. Mostrou que o nosso estaleiro do Brasil está pronto pra esse tipo de desafio. E nos deu a possibilidade de olhar com grande firmeza o crescimento expressivo da fábrica.
PN – Apesar do mercado interno não estar tão favorável ele se tornou de alguma maneira estratégico para a fabricação desses barcos de exportação. Por que o Brasil?
DB – Eu diria que a Azimut Brasil está pronta para fabricar barco com a mesma qualidade e a mesma tecnologia. E o mesmo nível de eficiência produtiva de qualquer estaleiro do mundo. É nosso orgulho poder dizer que conseguimos esse nível de confiança no mercado internacional, esse selo de fabricante mundial de embarcações Azimut. Isso é uma conquista da Azimut Brasil e consequentemente da náutica brasileira.
PN – Barcos maiores para brasileiros. Estamos preparados para consumir esse nível de embarcação?
DB – Nós precisamos de clientes que estejam afinados nessas dinâmicas de valor de marca. O cliente está evoluindo muito, conhecendo, participando dos eventos, e estamos “educando” seu gosto para náutica. Por exemplo, levamos clientes para conhecer nossos stands em feiras. Além de entender o conceito internacional de embarcação. O brasileiro desse porte já circula no meio náutico internacional, o paladar está melhorando rapidamente. Além disso, é um público menos sensível à crise. Que não tem problema econômico e que já se definiu para as próximas cinco gerações. O cliente tem um mínimo de visão para saber o que quer.
PN – Quais são essas embarcações grandes que vocês estão produzindo aqui no Brasil?
DB – Lançamos em 2017 a 74 pés, a 83 e iniciamos 2018 a produção no Brasil das novas 62 e a grandiosa “30 metri”. Embarcações da maior linha dentro das cinco coleções que a gente produz. A 30 metri está prevista para abril e é um projeto que começou a mais de um ano. Então requer envolvimento, uma complexidade em um nível muito alto. Isso definiu colocar a equipe brasileira nos nossos estaleiros na Itália para fazer uma escola técnica. Também demandou investimentos. Aumentamos nossa capacidade produtiva, o espaço coberto é agora de 20 mil metros. Foi uma série de decisões tomadas para termos uma proposta e um nível absolutamente único no Brasil.
PN – E o mercado brasileiro está pedindo essa produção de barcos grandes?
DB – O mercado brasileiro está pedindo. Já existem várias embarcações grandes no Brasil, mas sempre foram embarcações importadas. Esse choque de câmbio, de economia, de custo logístico travou de fato essa evolução de importação de barcos grandes . Então existe sim uma grande demanda disso, e queremos ser o player para fazer isso acontecer novamente, mas desta vez feito aqui. Então a gente está realmente montando esse grande sonho, essa grande conquista .
PN – Como avalia o último ano da Azimut Brasil e quais os grandes planos para 2018?
DB – O Grupo Azimut teve um crescimento expressivo. Não temos ainda fechamento oficial de balanço, pois ele fecha 31 de agosto. Mas de primeira mão nós já sabemos que o grupo Azimut cresceu mais de 15% em termos de faturamento no último ano. Isso é muito acima da média mundial da náutica, que varia entre 5% e 6%. A Azimut Brasil representa 10% desse volume e esse faturamento foi mais expressivo que o aumento global da marca. Então em um ano não tão fácil para a economia náutica do Brasil nós tivemos um importante resultado. Crescer dois dígitos é nossa métrica básica e gradativa. Nossa linha começou com duas embarcações que viraram oito e continuamos crescendo. Então é uma progressão natural e, com a gama de produtos e serviços Azimut, nós temos um campo gigantesco de crescimento.
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